Tuesday, February 10, 2009

Soprando a poeira dos cadernos


Ando há muito tempo - muitos anos - sem inspiração pra escrever. Eu escrevia muito há uns anos atrás. Resolvi folhear alguns dos meus textos e esse aqui mexeu um pouco comigo: foi o último. Provavelmente escrito em alguma aula durante a faculdade.

19 de abril de 2005:

Fonte de sangue, caminho de brasas, sussurros na água. Os seis elementos juntos, amalgamados, e você tem o que? Um ser humano que sente.

E eu sinto.

E ouço o som da tua voz; o som rude que fere e machuca e arde e tortura e mata, aos poucos, num rodamoinho ambíguo: é tão cruel quanto prazeroso. Sim, pois dá um prazer incrível ouvir a tua voz dizer a tua verdade - chega a doer. Ah, dói realmente ouvir tua verdade, pois ela é tua, não é a Verdade. Esta nao é encontrada; e quando o é, é tão insuportavelmente bela que nunca se a encara de frente: não somos belos o bastante para Ela. Caminhamos em brasas para não encarar a Verdade. Então nos machucamos com a nossa própria, minúscula.

Com os seis sentidos, ouço cheiro vejo toco provo sinto você pela última vez, até o momento de tornar-me bela - tornar-mos - o bastante para a Verdade. E como uma Medéia enfurecida, mato meus filhos, calo o eco da minha voz. Quero e não quero que Jasão se exploda.

E eu sinto. Jorro sangue, ardo e aqueço, tremulo a água. Calada.

1 comment:

Unknown said...

Olá!!!
Vi sua visita no meu blog ( sou a Su, de SuSiRo) e vim dar uma espiadinha no seu!!
Lindo este post!!!Agora entendo pq sua mãe tem tanto orgulho de vc!
Bjusssssssss