Tuesday, February 24, 2009

Recomendação: "Os inocentes"

Highlight do meu Carnaval de Cinzas: fui à Livraria Cultura procurar um material de canto - que infelizmente não estava disponível. Aí, já que a Cultura é meu parque de diversões predileto, fiquei vagando em meio àquele monte de coisas interessantes que tem pra ver, ouvir, ler e obviamente comprar.

E me deparei com um filme do qual eu havia visto uns trechos há muuuuuuuuuuuuitos anos atrás, e que voltou rapidinho à minha cabeça: "Os inocentes", com a Deborah Kerr - fantástica no papel de Miss Giddens. Baseado no texto "The turn of the screw" de Henry James, com roteiro de William Archibald e (pasmem) TRUMAN CAPOTE, o filme tem uma tensão, morbidez e (por que não?) beleza que quase não se vê mais no cinema. É de 1961, em fotografia incrível em preto e branco.

Pra quem gosta de suspense e temas "sobrenaturais", este é O Filme. Acabou de ser lançado em dvd, e vale MUITO a pena.


P. S.: "The turn of the screw" já virou ópera também pelas mãos do genial Benjamin Britten. Coisa difícil de achar... se alguém souber de alguma coisa, me avisa! =) Thanks!

Friday, February 20, 2009

Carnaval de Cinzas

Esse ano quero fazer do meu Carnaval uma longa Quarta-feira de Cinzas; na calmaria, lânguida, no descanso.

Sentar pra conversar com os amigos. Ver um filme com a minha irmã. Estudar minhas partituras. Ouvir música. Quase dormir na água morna da banheira. Ler. Cuidar um pouquinho de mim.

Sinto em mim
um vazio profundo,
desamor pelo mundo,
sinto falta de mim.

(Poema de Maysa, preservado em seus arquivos)

Cuidar um pouquinho de mim. É bom.

Tuesday, February 17, 2009

A Paixão segundo Bach

(Rembrandt - 1635/39)


Hoje a aula na casa da Elô foi uma experiência surreal. Cheguei uns 10 minutos atrasada, e ela estava ouvindo e lendo a partitura d"A Paixão segundo S. João", de J. S. Bach com a Elise. Ela vai montar alguns trechos do coral e as árias para a celebração da Páscoa na igreja dela.

Não dá muito pra explicar o que é sentir a Morte através da poesia de melodias como as que ouvi hoje pela primeira vez. Só sei que realmente, é necessário um gênio para transformar a Morte violenta e sofrida em pura beleza e poesia. Tanta beleza e tanta poesia que transcende esse mundinho medíocre em que vivemos hoje e atinge o que quase não se vê mais: o SUBLIME.

(Para quem quiser ler sobre a obra, tem um artigo interessantíssimo neste blog AQUI)

Monday, February 16, 2009

Twitter


Eita coisinha estranha! Pero "es bien"!

Sunday, February 15, 2009

Hiato

Hmmm... (quase) totalmente sem idéias. Mas se fosse colocar mais alguma coisa da Maysa o filho dela talvez me processaria, e o pessoal que passa por aqui ia pensar que sou esquizofrênica ou algo do gênero. Mas que culpa tenho eu se somos tão parecidas pra pensar???

Enfim. Recomendo muitíssimo esse post do fantástico blog da amiga Andréa Kogan, "Páginas da Relva", no link AQUI. Esse sim não deixa a gente com hiato na cabeça. Muito pelo contrário: nos deixa cheio de ditongos, encontros e encontros de pensamentos. Vocálicos ou não, aí depende de você.



P. S.: A foto é minha. =)

Tuesday, February 10, 2009

Soprando a poeira dos cadernos


Ando há muito tempo - muitos anos - sem inspiração pra escrever. Eu escrevia muito há uns anos atrás. Resolvi folhear alguns dos meus textos e esse aqui mexeu um pouco comigo: foi o último. Provavelmente escrito em alguma aula durante a faculdade.

19 de abril de 2005:

Fonte de sangue, caminho de brasas, sussurros na água. Os seis elementos juntos, amalgamados, e você tem o que? Um ser humano que sente.

E eu sinto.

E ouço o som da tua voz; o som rude que fere e machuca e arde e tortura e mata, aos poucos, num rodamoinho ambíguo: é tão cruel quanto prazeroso. Sim, pois dá um prazer incrível ouvir a tua voz dizer a tua verdade - chega a doer. Ah, dói realmente ouvir tua verdade, pois ela é tua, não é a Verdade. Esta nao é encontrada; e quando o é, é tão insuportavelmente bela que nunca se a encara de frente: não somos belos o bastante para Ela. Caminhamos em brasas para não encarar a Verdade. Então nos machucamos com a nossa própria, minúscula.

Com os seis sentidos, ouço cheiro vejo toco provo sinto você pela última vez, até o momento de tornar-me bela - tornar-mos - o bastante para a Verdade. E como uma Medéia enfurecida, mato meus filhos, calo o eco da minha voz. Quero e não quero que Jasão se exploda.

E eu sinto. Jorro sangue, ardo e aqueço, tremulo a água. Calada.

Sunday, February 8, 2009

Flor: alguém me dá?

Terça-feira passada eu ganhei um mimo: minha querida Ingrid - cantora, artesã, amiga - me fez uma fadinha:



Ela é a coisa mais linda!!! Me sorri e oferece uma rosa toda vez que acordo e olho pra ela (coisa que, eu acho, sempre é muito gostoso!), mais graciosa e amorosa que qualquer cãozinho que eu pudesse vir a ter. Só que ela não tem nome..!

Olha bem para o sorriso dela: que nome ela tem? Deixa tua sugestão nos comentários!!! =)

(aproveito este post pra colocar mais um poema da Maysa, bem a calhar)

Hoje ganhei flor.
De quem não sei ainda.
Sinceramente, prefiro não saber.

Foi tão bonito,
foi tão diferente,
não tendo nome não sei quem é.

E imagino que seja você,
o meu único "ser feliz".
Se foi você, amor,
obrigada pela lembrança. Se não foi,
obrigada pela esperança, pela ilusão.

Saturday, February 7, 2009

Tranqüilidade na voz dum furacão


Maysa - sempre nuance de mim... na calmaria e na tormenta.

Dia de luz, festa de sol
e um barquinho a deslizar
No macio azul do mar.
Tudo é verão e o amor se faz
Num barquinho pelo mar que desliza sem parar
Sem intenção, nossa canção
vai saindo desse mar e o sol
Beija o barco e luz... Dias tão azuis...
Volta do mar, desmaia o sol,
E o barquinho a deslizar,
É a vontade de cantar...
Céu tão azul, ilhas do sul,
E o barquinho é o coração deslizando na canção
Tudo isso é paz, tudo isso traz
Uma calma de verão, e então
O barquinho vai, e a tardinha cai
Volta do mar, desmaia o sol,
E o barquinho a deslizar,
É a vontade de cantar...
Céu tão azul, ilhas do sul,
E o barquinho é o coração deslizando na canção
Tudo isso é paz, tudo isso traz
Uma calma de verão, e então
O barquinho vai, e a tardinha cai
O barquinho vai, e a tardinha cai
O barquinho vai, e a tardinha cai...

Tuesday, February 3, 2009

Poema roubado do blog da minha amiga


Os primeiros versos do poema "Mirror", de Sylvia Plath:

"I am silver and exact. I have no preconceptions.
Whatever I see I swallow immediately
Just as it is, unmisted by love or dislike.
I am not cruel, only truthful -
The eye of a little god, four-cornered"

Escrito em 23 de outubro de 1961.

BA-LE-LA!

Monday, February 2, 2009

Assoluta

Falar de Callas é extremamente fácil pra mim. Poderia soltar uma avalanche de palavras aqui sobre "La Divina Assoluta", a "Tigresa", a "Rainha do La Scala".

Falar de Maria, no entanto, é uma das coisas mais difíceis. O dedos não correm sobre o teclado para falar sobre a Mulher por trás do mito. O que me trava? Não saberia dizer exatamente. Estou há mais ou menos meia hora no meu quarto, com as mãos pausadas, olhando no fundo dos grandes olhos de Maria numa foto, e esses olhos refletem os meus. Corro a visão pela minha coleção de discos, meus livros, e o brilho espelhado das caixinhas e das capas irremediavelmente fazem o mesmo: seus olhos refletirem os meus.

Que tanto me vejo em Maria Callas?

Pretensão? Absolutamente. Por mais que o cantar seja tão parte de mim, sei de todas as minhas limitações e não, não tenho a mínima pretensão de sequer chegar perto de "Callas assoluta".

Mas, talvez, tenha dentro de mim um pouquinho de Maria, a "donna assoluta". Talvez isso me trave os dedos. E a voz. Quem sabe.